minha cruz:
nunca ninguém
sózinho suportou
a sua cruz -
mesmo Cristo, o
mártir salvador,
um ombro teve
que partilhou a sua
dor.
21/3/93
Em 2005 adquiri, na Feira da Ladra, em Lisboa, um caderno negro, sem linhas. Estava completamente preenchido por uma caligrafia comprida, apertada e inclinada para a direita. A preto. As palavras apertavam-se em manchas estreitas como estrofes. Eram os versos de alguém desconhecido. Gosto de pensar num morto recente. Partilho-os convosco, à medida que vou decifrando e batendo a letra comprida, apertada e inclinada no teclado do computador.