a Morte
não
luto,
que é nada.
Alegoria,
apenas,
do acabar,
do nosso, pessoal,
irrecusável,
fim.
Comigo morre
a minha morte.
A morte
que fica
é
para os outros.
8/5/90
Em 2005 adquiri, na Feira da Ladra, em Lisboa, um caderno negro, sem linhas. Estava completamente preenchido por uma caligrafia comprida, apertada e inclinada para a direita. A preto. As palavras apertavam-se em manchas estreitas como estrofes. Eram os versos de alguém desconhecido. Gosto de pensar num morto recente. Partilho-os convosco, à medida que vou decifrando e batendo a letra comprida, apertada e inclinada no teclado do computador.