quinta-feira, abril 06, 2006

Nua,
branca e negra
sobre
a
imaterialidade luminosa
do lençol.

Branco e liso o corpo
todo
e a coisa
negra
que rasga
o contínuo abstracto
do corpo liso
e
anuncia o
sexo.

O sexo
parece gritar
negro
e animal
sobre
o alabastro
ou a luz espessa
do corpo branco
e liso,
mas
o sexo
não são
os pelos
negros
que recusam
a geometria pura
do triângulo
é
o corte vertical
que,
orgânico e elástico,
não lembra
nenhuma exactidão,

a maneira escabrosa
como os seus lábios
tolerantes
se viram,
mostrando e escondendo
partes interiores,
como um beijo
vagamente canibal
ao
sexo penetrante
que se aproxima
e
se afasta
até à
humidade viscosa
do
orgasmo.

10-11/12/89